quarta-feira, 6 de março de 2013

DIREITO À INDIGNAÇÃO

Barrancos, 4 de Março de 2013
Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Barrancos
Excelência
Este documento tem a finalidade de mostrar a minha indignação  pela maneira como tenho sido tratada nos últimos dois anos pelos orgãos do poder deste município .
Negaram-me o direito ao trabalho e o direito à sobrevivência.
Ninguém vive do ar e com certeza  eu  não sobreviverei.
Cito algumas afirmações proferidas nos últimos anos  durante a minha travessia no deserto.
-Não,não vai haver trabalho para ninguém, talvez anos ( Para mim?)
-Não podemos a sua filha está a trabalhar.( Irónico-duas vidas, duas realidades )
-O seu filho ganha 700 euros, aguente-se ( aprendiz de feiticeiro, informação incorrecta)
- Contratos, nem pensar já estamos a ser multados por isso ( As multas não devem ser tão relevantes...)
-Estágios só o privado , nós não podemos( Contorna-se e os estágios vão pingando)
Dois anos a subir as escadas da humilhação e a ouvir sempre a mesma cassete que era acionada e lá tinha que ouvir eu os repetitivos argumentos até que um dia olhei de frente e disse :
-Isto já não faz sentido...
Então...
Nunca mais subi as humilhantes escadas.Eu não merecia aquilo.Mereço mais respeito.
Durante os dois anos ouvi tantas certezas .
-Vou pedir um contrato
ou
-Vou pedir estágio
E eu ficava cada vez mais revoltada porque os pedidos eram aceites.
Senhor presidente todos somos portugueses, todos temos direito à vida , mas parece que nos vossos confortáveis gabinetes não se preocupam com quem realmente precisa.
Pedi uma avaliação séria sobre a a minha situação, voltou-se a cara para outro lado mais interessante e a dança continuou, uma dança que já não agrada a muita gente.
E ainda há quem tenha a coragem de questionar.
-Não compreendo porque me voltam a cara ?
- Porque será ?
Permita-me senhor presidente , mas estas políticas estão dividindo o povo de Barrancos.
Cidadãos comuns que vivem lado a lado são tratados de maneira diferente, uns têm direito à vida , outros não.
Que tristeza!
Agora aos 56anos só me resta lutar pela dignidade e pela sobrevivência.
Finalizo indignada.
Maria Mendes Galhoz

3 comentários:

  1. Que pena, Maria, vivermos num mundo tão podre, onde só alguns(os da mesma cor) têm direitos, que por lei constitucional e moral seriam de todos. Pensava eu, na minha ingenuidade, que Barrancos, por ser um concelho mais pequeno, as pessoas que estão nos cargos de chefia seriam mais humanas. Um beijinho e coragem.

    ResponderEliminar
  2. Infelizmente a realidade é esta que eu denunciei e tenho muita pena que as coisas sejam , não só por mim mas por todos que vivem em Barrancos em que uns são filhos de Deus e otros do diabo.

    ResponderEliminar