Rapazes e raparigas
vamos todos desfilar
pelas ruas de Barrancos
e nosso povo alegrar
Teu sotaque tão raiano
pelo mundo ecoará
estudiantina de Barrancos
novamente ouvirás
Cantaremos com amor
pela nossa tradição
pelas ruas de Barrancos
com ardor e emoção
Pela nossa estudiantina
vamos todos avançar
em 2019
o Carnaval animar
Estudiantina de Barrancos
vamos todos recriar
pois o passado de um povo
não podemos olvidar
terça-feira, 31 de julho de 2018
sexta-feira, 20 de julho de 2018
Há dias assim …5º capítulo de “ ECOS DE UMA VIDA “
Santo Aleixo, Santo
Aleixo,
ela lá e eu aqui
os anjos do céu
me levem
pra terra onde
eu nasci
Com os pássaros
do campo
eu me quero
comparar
andam vestidos
de penas
o seu alívio é
cantar
Se as saudades
matassem
já eu tinha
falecido
elas não matam,
mas doem
Fazem moer o
sentido
Não pensem por
eu cantar
Que a vida
alegre me corre
Eu sou como o
passarinho
Tanto canta até
que morre
A voz de
cristalina de Catarina entoava nos campos das Russianas, a sua voz irradiava
felicidade e alegria. Lembrava a sua aldeia natal que as circunstâncias da vida
a obrigou a deixar: agora havia Mariana e havia que zelar por ela e dar-lhe
tudo que pudessem. Catarina era naturalmente alegre e contagiava tudo em seu
redor era óbvio que naquela madrugada de Julho de 1958, a sinfonia da natureza
juntava-se harmoniosamente à voz de Catarina. Dentro da malhada do tambor
Mariana ainda dormia tranquila, aconchegada a Vicência que se preparava para
deixar o catre e ir fazer o lume para fazer o café e pôr o jantarinho de grãos
a cozer. Catarina e o seu genro daqui a pouco voltavam e tinham que comer
alguma coisa para poderem enfrentar a labuta do resto do dia.
Na noite
anterior Mariana tinha adormecido com a promessa que no outro dia iria á Pipa
com Catarina buscar água montada na burra Lourença. Ela não sabia o que era, a
sua avó tinha-lhe explicado que era uma fonte que corria pelas rochas e que a
água vinha das profundezas da terra:
-Bu bu, mim té
buu
-Amanhã bebes
pelo cucharro que o pai te fez, agora são horas de ir dormir.
Vicência ao
levantar-se sorriu ao ver a sua menina num sono profundo talvez a sonhar com a
água fresca da Pipa, no seu rosto era visível um leve sorriso como, talvez
estivesse a viver um sonho idílico.
Com todas as
cautelas fez o lume .fez o café e pôs o jantar a cozer, lá fora ouvia-se Catarina
e a passarada a chilrear enquanto Manuel se preparava para ir pastar o rebanho.
Estava na hora
de ir procurar algo para aquecer o estômago e então entrou na malhada e já
Vicência o esperava com um prato de fatias douradas e um café bem quentinho e apetitoso,
entretanto apareceu catarina transpirada de tanta labuta:
-Manel vou á
água antes que faça mais calma.
-Já aí vem o calor,
vai ser um dia muito calmoso, vou despachar-me e sair com as cabras.
Todos os dias
era a mesma labuta porque o gado tinha de sair bem cedo para o os serros e
aproveitar a fresquidão da manhã, pois por volta do meio-dia o calor já
abrasaria a terra e teriam de voltar para o acarro.
-Catrina tens de
ir à água, já albardaste a burra?
-Já está pronta,
só falta a menina que eu prometi-lhe levá-la á água.
-Parvoeiras que
sabe ela!
Entretanto
- Mamãã, aboo
-Agora é que
estamos arranjadas, vem comer que se faz tarde e têm de ir á água.
- Dê-lhe
leitinho e fatia que ela gosta.
Eram oito horas
no velhinho relógio, eram horas de irem á Pipa lá partiu a burra Lourença com a
sua preciosa carga e dois cântaros de barro nas aguadeiras para trazerem a
água:
-Arre, Lourença
que vamos à pipa com a nossa menina.
-Pi pa pi pa buu
Mariana com os
olhos bem abertos observava tudo à sua volta. Tudo era tão belo! Tudo estava
tão calmo!
Percorriam a
vereda que as levaria a buscar aquele bem essencial e que a elas nem lhes
passava pela cabeça que um bem tão abundante seria num futuro não muito
longínquo um grave problema para a humanidade pela sua escassez, Catarina e
Mariana, duas almas genuínas neste mundo já então sofisticado. Catarina tinha Mariana,
tinha pão, tinha água, tinha paz, tinha amor, que mais poderia desejar?
Num mundo onde a
globalização era uma miragem e que ela não chegaria a conhecer, ali no meio da
natureza sentia-se livre como os passarinhos que voavam sem se cansarem mesmo
contra o vento
Eis que de
repente Lourença, assustou-se, deu um salto e deixou cair a carga os cântaros
partiram-se e mãe e filha viram-se de repente no chão aturdidas e doridas.
-Mariana!
Mariana!
-Mamã! Mamã!
Medo!
-Não tenha medo
que a mamã está aqui, agora não temos cântaros, vamos outra vez à malhada.
-Bu bu
-Cala-te,
Mariana.
E lá se montaram
na burra e voltaram para trás, ainda não seria aquele dia que Mariana iria ver
a Pipa.
-Que se passa?
Ai que desgraça! Valha-me Nossa Senhora das Necessidades que partiram os cântaros!
-Tenha calma que
à menina não lhe passou nada e os cântaros eram velhos, tome lá a menina que eu
vou sozinha agora, e os grãos já estão cozidos?
-Ai filha! Estão
mais duros que pedras, não sei o que se passa, parece que o diabo anda com a
gente, daqui a pouco vem o teu Manel valha-nos Deus! E o que comemos em cima?
- Logo em vindo
faço uma tortilha barranquenha
-Vai já e que
Nossa Senhora das necessidades te acompanhe, que não passe mais nada hoje, já
chega de desgraças!
Lá abalou outra
vez Catarina e eis que no mesmo sítio a burra
zurra e dá um repinote ao ver no meio da vereda uma enorme cobra toda eriçada e
com a língua de fora;” Não terá sido tua a culpa dos cântaros se terem partido?”,
e contornou –a metendo a burra pelo mato e lá chegou á Pipa que nada tinha a
ver com atualidade , apanhou os cântaros e subiu por uns degraus esculpidos na rocha de uma
maneira natural , com cuidado para não partir os vasilhame e a custo lá chegou
ao cimo.
Quando voltou
com a água para beber encontrou Vicência lavada em lágrimas:
-Que se passa!?
Que se passa, meu Deus!?.
-Ai! os grões
não se cozeram e ai minha vida o que come o teu Manel! Os cabrões estão duros
como pedras e está uma pessoa para aqui degradada para ganhar esta porcaria.
-Mãe, eles se
têm cozido das outras vezes, se calhar deixaram de ferver, eu tenho que estar
em todo o lado, valha-me a nossa senhora! E a menina?
-Caiu fugindo
atrás de uma galinha, apanhou um berrinhe e dormiu-se.
-Ai que a minha
menina está toda encarnada e tem um arranhão na testa.
-É para que
esteja quieta, não se faz caso de ninguém. Bem-feita, é para que aprenda.
Ouve-se O Manuel
tossindo:
Mãe já aí vem o
meu Manel vou fazer a tortilha.
-Vem sempre
tossindo, mas não deixa de fumar, o mal que isso lhe faz e o dinheiro que se
gasta.
-Mãe é uma
distração não tem mais nada, não implique com ele com este calor.
Algum tempo depois:
- Que se passa
com os grãos parecem pedras, não há quem os coma! Eu não os quero, só vou comer
sopas e tortilha. Que porcaria! E a menina que lhe passou que está toda
gatanhada?
-Bu bu bu
-Que tens Mariana,
a menina está tão quente e tem umas manchas no corpo.
-Ai minha vida!
Bebe e vamos mas é comer granitos.
-Pedras, dê-lhe sopas
de pão e tortilha. Esqueceram-se da linguiça.
-Amanhã não faço
o almoço porque não quero!
Saiu irada porta
fora.” Uma pessoa neste ermo e tem de ouvir isto, se o meu bento vivesse, outro
galo cantaria “
-BU bu bu mamã
-Só o que quer é
água e está muito quente. A menina está doente.
Catarina
apavorada exclamou:
-É sarampo. Que Deus
nos valha! Temos que ir a Barrancos e levar a menina ao médico. Sarampo não é brincadeira!
-Ai, ai, ai,
para onde me trouxeram! Para este fim do mundo! Ai, ai, ai
-Manel vai
aparelhar a burra.
-Vais sozinha?
Que vaia tu mãe contigo.
Lá se escarranchou
na burra mais uma vez Catarina com a sua menina tremendo de frio naquele dia
quente de Julho. O senhor doutor muito afável lá consultou Mariana e recomendou
muito repouso e que não andasse ao vento pois o sarampo não era para brincar e deviam ter muito cuidado com a menina que era muito pequenina. Após duas semanas
os sintomas do sarampo eclipsaram. Mariana voltou a saltar e a fugir
alegremente atrás das galinhas num passado tão distante onde a revejo de
vestido de chita às bolinhas encarnadas ao lado da Sentida, respirando a beleza,
a tranquilidade, o tédio do ambiente campestre. Aquele dia ficará na memória
enquanto ela for gente e tiver neurónios para pensar e recordar.
Lourença, a
pipa, a Sentida, valha-nos nossa senhora das necessidades e a sua avó com seu
xaile de luto eterno, a maldita cobra e até o jantar de grões duros como
pedras.
Que saudades
desses momentos!
Que saudades das
alegrias passadas!
Que saudades das
agruras passadas!
Que saudades do
já vivido!
Há dias assim…
-
terça-feira, 10 de julho de 2018
REPOSIÇÃO DE NOMES E FATOS
Nasceu na vila de Trastamires (actual Guilhabreu), junto à cidade do Porto. Como o apelido (nome de família) só aparece, em Portugal, por volta do século XV a XVI, filho de D. Mendo Gonçalves da Maia, 3.° Senhor da Maia, Rico-Homem, falecido depois de 1065, e de sua mulher Ledegunda Soares Taínha de Baião.
Mendes era patronímico (filho de Mem ou Mendo), pelo que não se pode dizer com propriedade que D. Gonçalo pertencia à família dos Mendes, tendo como irmãos D. Soeiro Mendes da Maia e D. Paio Mendes, arcebispo de Braga, e como irmã Doroteia Mendes da Maia, documentada em 1072, 1088 e 1102 e falecida depois dessa data, mulher de Pelaio Gutierriz, falecido depois de 1088.
Na mocidade, por sua fidalguia e afinidade espiritual, tornou-se um dos maiores amigos do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. A vontade férrea de D. Gonçalo e suas inúmeras e épicas conquistas no campo de batalha – em que o risco à vida era o eterno desafiante – granjearam-lhe o cognome de "O Lidador".
Segundo a lenda popular, no dia em que comemorava 91 anos, Gonçalo Mendes estava na frente de uma batalha contra os muçulmanosem Beja, que estava a correr mal para o lado português. De repente, ganhou renovado vigor e, juntando um grupo de combatentes, atacou o inimigo. Este, ao ver um soldado envelhecido atacar com a força de um jovem, julgaram-se perante um acto mágico, o que lhes diminuiu o moral. Assim, um dos maiores líderes muçulmanos decidiu enfrentar Gonçalo Mendes, na esperança de reconquistar o moral das suas tropas. Apesar de gravemente ferido, Gonçalo Mendes conseguiu derrotar o seu adversário, com efeitos demolidores, pois o exército muçulmano, sem líder, desorganizou-se, pelo que as tropas portuguesas conseguiram ganhar a batalha.
Finda a batalha, Gonçalo Mendes terá sucumbido aos ferimentos.
Ainda hoje a cidade da Maia e os seus habitantes prestam homenagem ao seu heroi, sendo a mesma conhecida como a cidade do Lidador.
Outros afirmam ter nascido c. 1045 e sido morto na Batalha de Ourique, em 1139.
quinta-feira, 5 de julho de 2018
Reposição de nomes e fatos .
A 1 de Março de 1476, dava-se a Batalha de Toro, entre tropas portuguesas e castelhanas. Duarte de Almeida, o Decepado tornou-se célebre nesta Batalha pelo seu ato de valentia e patriotismo.
D. Afonso V, o Africano, defendia os direitos de sua sobrinha, Joana, a Beltraneja, ao trono de Castela, que era cobiçado por Isabel, irmã do pai de Joana, o falecido rei Henrique IV. Segundo se dizia, a mãe de Joana, a rainha de Castela Joana de Portugal, por sua vez irmã de D. Afonso V, havia engravidado de D. Beltrán de La Cueva e não de seu marido. Assim, Joana, a Beltraneja, não seria filha do Rei e não podia herdar o trono. Apareceu assim como herdeira, Isabel de Castela (futura Isabel, a Católica). Passaram então a existir dois partidos de sucessão.
O rei português D. Afonso V pretendia casar-se com a sua sobrinha e, assim, juntar as duas coroas. As duas partes da contenda entraram em confronto. As tropas portuguesas dirigiram-se então para Castela, e estabeleceram a sua base na cidade de Toro, na margem norte do rio Douro. As forças portuguesas começaram a cercar a cidade de Zamora, onde se encontrava as tropas de Fernando de Aragão, marido de Isabel de Castela. Contudo, o cerco à cidade não teve os resultados pretendidos, pois D. Afonso V não conseguiu conquistá-la. Além disso, o rigor do Inverno levou o Rei português a voltar para Toro. Com o recuo das tropas portuguesas, Fernando de Aragão e as suas forças saíram de Zamora e perseguiram as forças de D. Afonso V, atingindo-as ao fim da tarde do dia 1 de março, a cerca de cinco quilómetros da cidade de Toro. Assim se deu a Batalha de Toro.
Na Batalha, as tropas castelhanas eram formadas por 4 grandes divisões, e as tropas portuguesas, apesar de reforçadas pelas do arcebispo de Toledo, do conde de Monsanto, do duque de Guimarães e do conde de Vila Real, estavam em desvantagem numérica. O combate durou cerca de três horas. No fim, os relatos parecem todos coincidir na afirmação de que as tropas de D. Afonso V debandaram em várias direções, não conseguindo suster assim o ataque das forças castelhanas.
Os homens sob o comando do rei português são perseguidos não só pelas tropas castelhanas, mas também pelos populares da região. Quando já se pensava na vitória castelhana, ocorreu uma reviravolta na batalha. As forças portuguesas estavam divididas em dois grupos e só um deles tinha sido atacado. O outro, comandado pelo filho do rei português, o príncipe D. João (futuro D. João II), se reorganizou e voltou a investir sobre as forças castelhanas, desbaratando o inimigo. Embora se defenda que o resultado da batalha foi inconclusivo, o que é correto afirmar é que as forças castelhanas conseguiram um sucesso temporário, pois numa 2ª fase, Portugal venceu a disputa. Contudo, após a Batalha, D. Afonso V percebeu que Portugal não tinha forças e nem apoios suficientes para garantir os direitos de Joana, a Betraneja à coroa de Castela, assim se desistiu da guerra. D. Joana foi então exilada para Portugal pelo tratado de paz assinado entre os países ibéricos, passando a ser oficialmente tratada por Excelente Senhora.
Foi nesta Batalha que surgiu um herói português, muitas vezes esquecido, Duarte de Almeida. Este era o alferes-mor de D. Afonso V e, por isso, a quem estava confiado o estandarte das tropas portuguesas. Assim, no meio do combate, Duarte de Almeida, após o estandarte ter caído ao chão, empunhou de novo a bandeira e defendeu-a com determinação. Porém, um castelhano cortou-lhe a mão direita, mas indiferente à dor, Duarte de Almeida, empunhou de novo o estandarte com a esquerda, a qual viria também a ser decepada. Já sem mãos, mas querendo manter o estandarte no ar, Duarte de Almeida empunhou-o com os dentes e resistiu sempre até que foi rodeado de castelhanos, vindo a cair moribundo. Entretanto o castelhano Sotto Mayor apoderou-se da bandeira por alguns instantes, mas o escudeiro Gonçalo Pires conseguiu arrancá-la do inimigo, num ato de heroísmo admirado pelas tropas rivais. Duarte de Almeida, que ganhou então a alcunha do Decepado, não faleceu na Batalha, sendo levado depois pelas tropas inimigas para ser tratado em Zamora. Em Castela, o seu ato heroico valeu-lhe o respeito e a admiração de todos, até os próprios Reis Católicos mandaram colocar as armas de Duarte de Almeida na capela real da Catedral de Toledo. Passados 6 meses, Duarte de Almeida regressou a Portugal, onde viveu no Castelo de Vilharigues, não tendo as homenagens e o reconhecimento português que teve em Castela. Morreu pobre e quase esquecido, apesar do seu ato de valentia e bravura.´
Na história de Portugal
Seu nome ficou gravado
Dom Duarte de Almeida
Nome heróico : o Decepado
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Na história de Portugal
Seu nome ficou gravado
Dom Duarte de Almeida
Nome heróico : o Decepado
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