segunda-feira, 13 de maio de 2013

CATARINA





Catarina , vem e abraça-me
faz-me sentir o teu calor
abraça-me forte como se
fosse ainda uma menina

É tão bom Catarina
na hora do meu desespero
poder ouvir a tua voz
a tua voz tão serena
poder chorar em teus braços.

Ainda sinto no meu rosto
o calor dos teus lábios
ainda consigo ouvir a tua voz tão distante
e tão terna
por magia acalmo

Adormeço e sonho
é tão bom sonhar
lá fora o mundo espera
vou viver é hora de acordar

Idealista e sonhadora
continuo a ser Catarina
o destino quis assim
deve ser a minha sina

A ti Catarina confesso
com toda a sinceridade
encontrei-me a mim própria
encontrei a felicidade

Mãe foram tantas as palavras
que ficaram por dizer
retomaremos a conversa
quando um dia renascer.

Mãe vou viver.Olha por mim.
Beijinhos.Até já.


segunda-feira, 6 de maio de 2013

MÃE






Poema à Mãe

No mais fundo de ti,

eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.



Poema de Eugénio de Andrade