sexta-feira, 22 de junho de 2018

Local De Celebração


Santo António já passou                                                       
Resultado de imagem para praça da liberdade em barrancosO São Pedro irá passar
São João fica comigo
Eu contigo quero brincar
               II
As touradas em Agosto
Como manda a tradição
No Natal grande fogacho
No centro da povoação
             III
Para aquecer o menino
Senhora da Conceição
Cantando  vamos  rezando
Com amor e devoção
              IV
Na praça da liberdade
Há festa, há arraial
É gente com  repichuchi
É Verão em Portugal
               V
A praça da Liberdade
Local de celebração
Que seja assim no futuro
Senhora da Conceição





quinta-feira, 14 de junho de 2018

VELHO MONTE


Ponto
Tenho saudades do monte
Do cantinho onde vivi
Do ribeirinho e da fonte
Da água fresca da fonte
Tantas vezes lá bebi
Ponto
Há montes no Alentejo
Que eu conheço muito bem
Eram todos habitados
Hoje estão desprezados
Já não mora lá ninguém
Moda:
               I
Velho monte alentejano
Numa herdade abandonado
Fica à beira de uma fonte
Hoje não se vê o monte
Que está dentro do silvado
               II
Lá naquele velho monte
Havia tanta riqueza
Já nada é como era
Já ninguém cultiva a terra
cada vez há mais pobreza

             III
Já não se vêm ganhões
À volta com seus arados
Já nada é como antes
Já não se ouvem patrões
A falar com seus criados
IV
Não ouço o galo cantar
Não ouço o ladrar do cão
Nem os chocalhos do gado
Vejo tudo abandonado
Faz doer o coração
V
Eu do monte vim embora
Não podia lá viver
Uma noite pude ouvir
Era o meu monte a cair
Nunca mais me vou esquecer






VELHO MONTE ALENTEJANO

Resultado de imagem para Monte em ruinas

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Ecos de uma Vida-3º capítulo


Bom dia, bom dia.
O dia está a clarear.
Há muita calma e aromas campestres e estamos na malhada do Tambor, é dia 25 de Abril de 1958 e o chilrear dos passarinhos soa nas árvores como numa sinfonia num dia tão marcante para Mariana que ainda dorme. É o dia muito especial: o baptizado de Mariana, Manuel , Catarina e Vivência já estão na labuta , a ordenha das cabras , amamentação das crias , pois hoje é dia de festa vão finalmente baptizar a sua menina na capela do Monte das Arrancadas que após a santa missa o pároco de Barrancos realizará a cerimónia perante os parentes e os padrinhos que são os patrões dos seus pais que tinham vindo para aqui tratar de um rebanho de cabras um ano após o nascimento de Mariana.( Era assim a vida do pobre!)Nesse dia alguém se ofereceu para fazer a trajectória do pastoreio do rebanho(solidariedade , apenas isso), portanto Manuel podia assistir e desfrutar do evento que terminaria com um almoço oferecido pelos padrinhos.
Às 11 horas eis Mariana angelicalmente , vestida de branco de branco ao colo de Catarina com a sua avó e o seu pai assistiam à santa missa, após a qual Mariana receberia a benção de ser filha desse Deus que quis que ela sobrevivesse quando foi alimentada por Vicência com uma gema de ovo(alimento muito nutritivo para uma bebé recém nascida??);( Foi Deus que assim o quis), que Mariana chupou com sofreguidão agarrando-se à vida,( Bendita gema de ovo!)
A sensação de desconforto percorreu a espinha dorsal da menina quando sentiu a água gelada na sua cabeça e chorou forte pois não compreendia o que tinha acontecido, enquanto o padre Agostinho dizia:
-Eu te abençou Mariana neste momento que os teus pais e padrinhos sejam testemunhas e te amparem no percurso espinhoso da vida.
Mariana sorrio confortada com o amor que sentia à sua volta ( Mariana era pobre mas tinha amor à  farta).

Uma voz  chamou .
-Catrina vem ao telefone.
-Que é?
- É um João.
-Ai o meu irmão! Ai o meu irmão!
-Ai João , ai João!
-Então mana tem calma que está tudo bem.Só te quero dar os parabéns pelo baptizado  da pequerrucha.
-Tão bom ouvir a tua fala.
-então gostam de estar aí perto de Barrancos tu entendes os barranquenhos?
-Há que estar onde ganhemos a vida aqui é tudo gente boa depois azeite , os grãos e a farinha, as nossa galinhitas sempre temos ovos, tens que vir cá tu e o mano.
-Então não ganham dinheiro?
-Só 100$00, os acertos se fazem anualmente quando se vendam os chibos.
-Dá beijinhos à mãe e um abraçam a meu cunhado.
-Obrigado, Beijinhos
Naquela noite fria de Abril junto ao lume os pais de Mariana embevecidos sua menina adormecida no berço sorriram enquanto lágrimas de felicidade deslizavam pelas suas faces( tanta felicidade naquele espaço humilde!),(É ilusório pensar que para haver felicidade tem de haver riqueza);( filosoficamente pergunto : o que se entende por riqueza?), enquanto lá fora a alguns metro dali no alto do serro os lobos uivam; uivos famintos com a presas ali tão perto e inacessíveis pois a Sentida não dormia , sempre vigilante para atacar e dando alerta em defesa do seu rebanho.
Ainda hoje recordas com saudade aquele cão tão valente e tão meigo que lambia minhas lágrimas quando das minhas birras, ainda vejo o seu pelo amarelo esvoaçar ao vento, recordo o dia que tu ficaste doente e olhavas os meus olhos como que implorando que te ajudasse que não te deixasse partir , e eu pobre criança que podia fazer , se eu própria vou partir um dia?(Ainda choro por ti minha linda, minha Sentida!)
Sinto saudades da malhada do Tambor onde passei parte da minha infância, tenho saudades da fonte que estava no meio do silvado e que hoje já secou e até a malhada do tambor deve ser um entulho de ruínas

Tenho saudades das minhas vivências!
Tenho saudades da fonte
e do lugar onde então vivi
constato com tristeza
foi tão belo o que perdi
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quinta-feira, 7 de junho de 2018

Ecos de Uma Vida-2º Capitulo

A dor foi comum ao povo daquela pequena aldeia , rezam as crónicas que Maria Sena teve um funeral imponente( se é que pode haver funerais imponentes;? ), um funeral digno de uma princesa , todos a acompanharam, na sua última viagem terrena.
Vicência e Bento impotentes perante o mundo e dilacerados por aquela dor tamanha que não se pode medir pelas leis da matemática.Olhando com determinação os três filhos : Bento Catarina e João , era preciso continuar , cambaleando mas continuaram.!
Agora Catarina estava grávida no último mês de gestação e Vicência pedia a Deus que a filha tivesse uma hora pequenina.
A 18 de Janeiro de 1957 o céu estava carregado com uma nuvens esquisitas esbranquiçadas , no ar sentia-se uma calma anormal , Catarina pressentiu que o bebé se preparava para deixar a zona de conforto e vir para o desconhecido.
Ao princípio da noite começou a nevar e simultaneamente Catarina sentiu as primeiras dores: Mariana vinha aí!
Não estava sendo fácil para Catarina pois já não tinha 20 anos e as forças faltaram-lhe e as dores dilaceravam o seu ventre.
Vicência embrulhada no seu xaile de luto eterno , correu aflita pelas ruas a chamar o médico recém formado que ajudasse a sua filhinha e a sua netinha.:
-Truz , truz
-Que se passa , prima Vicência?
-Por favor , senhor doutor , acuda que a minha filha se pôs doente e  o bebé vai nascer.
-Só um minuto , vaia indo que eu vou lá ter.
-Não demore senhor doutor que a minha filha está muito mal.
Trinta minutos depois , o jovem médico sacudia a neve da gabardina e entrou naquela humilde casa, receoso perante uma realidade: o primeiro parto esperava-o .Olhando o céu avançou com determinação.
Catarina ofegante sofria as dores dilaceravam o seu corpo de mulher , e após uma noite de luta constante , Mariana foi tirada a ferros e emitiu um débil choro , mas Mariana estava viva , a primeira batalha tinha sido ganha , a história de Mariana ficou entrelaçada na história do médico que tinha amadurecido naquela noite de Inverno e deu passos firmes numa carreira brilhante que mais tarde foi uma evidência.
Às oito da manhã do dia 19 de Janeiro de 1957 . Mariana entru nesta selvs com muito amor e calor humano e" gemas de ovos" à mistura , a bebé assim como a sua mãe estavam bem
Mais uma página virada no livro da vida , um futuro promissor vinha aí , o mundo deu as boas vindas a Mariana que o agarrou com sofreguidão.
Santo Aleixo da Restauração tinha mais um habitante.
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ECOS DE UMA VIDA -CAPÍTULO PRIMEIRO


Estávamos em Dezembro de 1956,,, precisamente , algures numa aldeia perdida na imensidão da vasta província alentejana. Dia 24 de Dezembro, Vicência e Catarina preparavam mais uma fornada, o forno de lenha já estava quente e Catarina com toda a destreza tendia o último pão.
    Vicência  pensativa   olhava a filha com apreensão ajudando-a a meter o pão no forno, enquanto que no ventre de Catarina , nova vida palpitava preparando-se para atravessar o túnel que a traria à selva que é o nosso mundo.Catarina  já tinha mais de trinta anos  , acariciando a barriga sorrio pensando no rebento  que trazia no seu seio “ Será menino? Será menina?Não interessa o que é preciso é que venha com saúde”.
     Vicência olhando Catarina  pensava nas três filhas  que Deus tinha levado há uns bons anos atrás : Catarina tinha sete aninhos apenas quando a maldita tosse convulsa a arrancou dos braços de sua mãe. Passados pouco tempo a morte tornou a passar por ali levando Maria Sena , um anjinho com 4 meses  apenas de vida. Vicência em desespero questionava-se olhando o céu –Porquê , meu Deus ? Porquê?
Que triste sina a de Vicência! Sentia-se abandonada pelo Senhor!
Abraçando o seu marido  e olhando o seu único filho , prometeram ultrapassar  tudo de mau que estavam vivendo e cambaleando enfrentaram a vida e seguiram em frente.
Deus abençoou o casal e nasceram Maria Sena  , Catarina e João e  a alegria voltou  àquele lar, os anos foram passando até que uma tarde mau presságio assombrou  o ambiente enquanto se ouviam os cães uivando e Vicencia olhando a Maria  Sena  já com doze anos e nem imaginando o que ainda a esperava exclamou : Vai morrer o primo Zé que está muito mal. Enigmaticamente  Maria Sena  Maria Sena exclamou:-Só Deus sabe, mãe , só Deus sabe!
Naquela noite João o benjamim  da família deitou-se com a mana Sena e durante a noite teve sede e pediu água como a mana não respondeu começou a chorar.Vicência que tinha um baile em casa acudiu ao choro do filho e eis que se depara com a sua linda e querida filha inerte , já sem vida  , tinha finado durante o sono. Uma dor dilacerante atravessou –lhe o peito e um grito do tamanho do mundoecoou naquela casa:-Bento , ai Bento , a nossa filhinha , a nossa Maria Sena está morta. Bento ficou sem chão , imóvel e impotente perante a vida que bastante madrasta tinha sido com ele e agora a sua filhinha já moça, tão linda, tão perfeita tinha partido e nunca mais a veria.