quinta-feira, 16 de agosto de 2018

É TEMPO DE GANHAR DINHEIRO! 7º CAPÍTULO

A imagem pode conter: flor e plantaA imagem pode conter: flor e planta


19 de Janeiro de 1959 , era o dia do aniversário de Mariana , iria ser um dia igual a muitos outros  ,Manuel preparava-se para ir  guardar o gado depois do primeiro cafezinho e do primeiro cigarrinho
-Manel não queiras comer, só café e tabaco!
-Não comece logo de manhã, minha sogra!
-Pelo menos leva um bocado de pão e não te esqueças do fato de água que deve chover. E tu Catrina leva a capa de plástico para não te molhares tanto.
-Mãe apanhar azeitona chovendo custa muito, mas é tempo de ganhar dinheiro, não podemos desperdiçar nada.
-Estás trabalhando muito, qualquer dia caies doente e logo vai ser uma desgraça, eu já estou velha para tratar da menina e hoje dói-me a cabeça.
- Isso já passa, ponha os feijões ao lume e cuidado com a menina.
-Tu trabalhas de mais!
-Até à tarde.
-Até á tarde Catrina.
Lá vai Catarina a caminho da Rata para mais um dia de azeitona, na mão um saco de pano com a marmita e o pão (Ainda não se falava do drama dos sacos de plástico e nem do problema do plástico para a humanidades) e debaixo do braço a capa  de plástico.
“No ar espalhava-se a agradável melodia:
Com os pássaros do campo
Eu me quero comparar
Andam vestidos de penas
E o seu alívio é cantar”

“Não julgues por eu cantar
Que a vida alegre me corre
Eu sou como o passarinho
Tanto canta até que morre”

-Aí vem a nossa alegria, estás sempre contente, a vida corre-te de feição?
-“Quero cantar ser alegre
Que a tristeza não faz bem
Ainda não vi a tristeza
Dar de comer a ninguém”
-O manajeiro é que não acha às vezes graça às tuas cantorias, aí vem ele.
-Bom dia pessoal, vamos lá começar; vocês vão por esta fileira e vocês por aquela.
-Sempre se arranja para eu ir para a fileira mais má.
-Não te queixes que ainda não começaste a trabalhar. E já…
-Mas estou a ver que aquela azeitona é mais grande
-Trabalha mais e deixa-te de cantorias.
-E vosmecê a dar-lhe ainda hoje não cantei e eu só ganho o que apanho, e não trabalho com a boca.
-Deixe a Catrina cantar que ela nos alegra
-Alegra, alegra, põem-se feitas tontas a olhar para ela.
-Ti António não seja desmancha-prazeres que esta vida são dois dias, um dia vem a morte e leva tudo.
Soa a voz da Francisca que ao olhar para a sua sombra:
-Já é meio-dia, já tenho fraqueza
-Aguenta mais um pouco que ainda não é hora de almoçar
-Vamos todas a cantar assim o tempo passa mais depressa.
“O sol é que alegra o dia
Pela manhã quando nasce”
Ai de nós o que seria
Se o sol um dia faltasse “
-Agora todas.
“Vamos lá andando
Por esses campos fora
O sol já raiou
Nos lados da aurora
Nos lados da aurora 
Vamos lá andando
Pelos campos fora”
Algum tempo depois:
-Catrina o que trazes para comer, sempre a mesma coisa não é verdade?
-E a ti o que te importa, eu não tenho peixe todos os dias como vosmecês que trazem umas sardinha rançosas
-Não são nada rançosas são muito fresquinhas.
-Isso dizes tu!
-Prova uma e diz o que achas.
-Não está má.
-Tu o que queres é sardinha! Ah, ah, ah, ah!
-Vou pagar-te  a sardinha trago aqui uns rebuçados para vosmecês à saúde da minha Mariana que faz hoje dois aninhos.
Em uníssono:
-Deus lhe dê muitos anos de vida.
-Muito obrigado, aqui vai o rebuçado, primeiro prá Ana que é a mais velha, chupe-o que vai gostar.
-Só me resta chupar.Os meus dentes estão todos podres.
De repente a Francisca a benjamim do grupo (tinha apenas 17 anos) deu um grito:
-Ai,ai,ai, que se lho traga, ai que se lho traga!
Catarina não tinha explicado que os rebuçados eram uns chupas e tinham uma parte em plástico que não se comia. Ana pensava que aquilo se comia tudo e ia tragar-lho, valeu-lhe a atenção da jovem Francisca.
” Maldito plástico!”
O resto do dia foi uma risota com o episódio do chupa, de vez em quanto ouvia-se a frase “ Ai que se lho traga “ , mas Ana não lhe achava muita graça  e achava que estavam fazendo chacota dela e dizia:
-Que graça, que gracinha, isto podia ter acontecido com vocês e então achavam graça?
-Não se zangue Ana, não é por mal, ah,ah, ah, até me dói a barriga de tanto me rir1
-A culpa é tua Catrina que tinhas de trazer esses chupas.
Terminou o dia na azeitona mas Catarina ainda ia fazer umas horas no monte do patrão; passar a ferro ajudando a caseira do monte que não dava conta da labuta e assim Catarina ao fim do mês traria mais uns trocados para casa que ajudaria nas despesas da casa e assim ajudar o seu Manel a suportar o fardo da vida. Já em casa Catarina deu uma gargalhada e:
-Então que risa é essa agora?
-Não queiram saber o que aconteceu com a Ana hoje:
-Deve ser boa, para tu te estares a rir sozinha e dessa maneira como uma louca.
-Mariana vem cá, dá um beijo á mãe e diz-lhe quantos anos fizeste.
-Dois, respondeu a menina, mostrando dois dedinhos.
-Tomara que os das sejam maiores, vou apanhar uma empreitada de arrancar mato e ganho mais algum dinheiro.
-Que febre de trabalhar, um do tudo acaba e fica cá tudo.
“E acabou mesmo um dia, Catarina partiu e deixou tudo o que tinha amealhado ao longo da vida, deixou a sua alegria contagiante , seus segredos que nunca revelou a ninguém , seus sonhos que nunca partilhou com ninguém, deixou sua menina para quem foi o último pensamento na hora do adeus , não podendo evitar que duas lágrimas teimosas deslizassem pela sua face revelando contrariedade em partir , ainda poderia andar por cá mais alguns anos , mas a força que controla a nossa vida ( a que chamamos destino )achou que a sua passagem pela terra terminaria no dia 7 de Dezembro de 1974 ao clarear do dia  , que dia gelado! Que dia tão odiado! Que dia tão incompreendido! Recordo o seu rosto de uma alvura arrepiante, seu corpo rígido, inerte numa espera desconcertante da hora da despedida final ,quando vi pela última vez teu rosto e teu corpo entrar para  tua última morada terrena”
“Sei que velas por mim no local onde te encontras, tenho sentido a tua presença durante anos e anos, sei que tens sido tu um dos anjos da guarda que me têm acompanhado até aqui e amparado os meus passos tornando a minha caminhada menos dura desviando-me dos caminhos errados desta vida, sendo um dos meus guias protetores que me encaminham e orientam no bom caminho. Sempre senti que nunca estive sozinha e sempre nas horas mais dolorosas da minha caminhada, quando me senti incompreendida. Houve sempre quem me estendesse uma mão invisível que tornasse o meu caminhar mais seguro, sei que tu sempre estiveste a meu lado e continuas zelando por mim, nesta caminhada que ainda não chegou ao fim”
 A ti munha mãe envio um cravo vermelho , que foi para ti símbolo da liberdade que tu sonhaste  que se concretizou em plena primavera num dia de Abril já distante que tu aplaudiste com fervor e com amor , uma esperança renascida no coração do Homem 
Apenas um, minha mãe
resta do Abril distante
apenas um cravo vermelho
já não há tantos como antes!
II
É apenas um; mas encerra
e leva um aroma infinito
leva parte da minha alma
que não levaste contigo!
III
É só um , mas leva
as lágrimas da despedida
que tenho guardado comigo
pela estrada longa da vida!
IV
Mãe , este simples cravo
leva tanto ,tanto amor
vou poisar meus lábios
e beijá-lo com fervor!
V
Quando beijares o cravo
Sentirás com ardor
O calor dos meus lábios
E o sabor do amor
Conceição. Fátima, Necessidades, Carmo Rosário, Lourdes Aparecida, não importa o nome se o simbolismo é o mesmo; a mãe de Jesus e nossa mãe, pura e imaculada, acima de todas as mulheres , a ti envio um ramo das mais brancas rosas que consegui encontrar na Net ( imaginemos que são naturais e perfumadas levando até vós o doce aroma do agradecimento por tudo o que me tens dado nestes 61 anos da minha vida , por isso digo , obrigado mãe doce e protetora!
I
São rosas brancas para ti senhora
que colhi ao romper da aurora
são rosas brancas para ti senhora
manha mãe do céu , doce e protetora!
II
Sempre estiveste a meu lado
na longa estrada da vida
amparaste meu cansaço
suavizas-te minha caída!
III
Sempre que a minha alma sangrou
sempre que estive insegura
senti a tua presença protetora                                            
mesmo na noite mais escura!
IV
Em sinal de gratidão
eu te ofereço rosas brancas
as mais lindas flores
obrigado , Virgem Santa!
V
Ave-maria, mãe protetora
rezo com fervor
rezo pelo mundo
que precisa tanto de amor !
Coerente com a minha maneira de olhar a vida só fazia sentido olhar para o lado e identificar os alicerces que têm suportado minha vida e suavizado a o meu caminhar.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

UM DIA IGUAL A TANTOS OUTROS /6º CAPÍTULO


Estávamos em Setembro de 1958, precisamente no dia 20 de Setembro e podíamos visualizar Catarina escarranchada na burra a caminho da vila a fazer o avio, levava no alforge a sua menina adormecida pois ainda mamava e por isso tinha que levá-la sempre consigo. Mariana era uma criança franzina mas saudável, saciava-se com o leite materno de que Catarina tanto se orgulhava “tenho leite com fartura a menina não morre à fome”. Atrás dela visualizou alguém que caminhava e que ela identificou de seguida ( um contrabandista com quem se tinha cruzado várias vezes , um pobre diabo que tinha de percorrer quilómetros pelo meio do mato , tarefa arriscada mas necessária , tinha de fugir aos caminhos principais , não fosse a guarda fiscal intersectá-lo e podia ter muitos problemas e ele precisava de fazer isso para alimentar 8  bocas que tinha em casa e na esperança de mais uma muito brevemente pois a sua companheira estava de esperanças , a barriga já era enorme , o que quer que fosse não tardaria a nascer.).
O pensamento de Catarina voou até Santo Aleixo da Restauração e lembrou o guarda fiscal Francisco que tinha escolhido a profissão errada pois falava-se que era um homem bom e há tempos integrado numa patrulha teve de tirar uma mochila de café ao vizinho do lado e quando chegou a casa ouvia-se grande algazarra na casa ao lado com choros e lamentos:-Ai Joaquim, que faço não temos pão para comer e agora perdeste o café, e os nossos meninos que comem? Desgraçadinha sou, e tu o que fazes vais para a venda a gastar o que não tens!
Francisco não suportou ouvir tais lamentos pois ele também era pai, num impulso agarrou a mochila e arremessou-a por cima da parede do quintal e seguiu-se o silêncio pelo que tinha acontecido, não convinha falar depois de tanta generosidade, apenas olhares de cumplicidade ao longo dos anos. Francisco podia ter arranjado problemas com a sua atitude; ter de justificar o desaparecimento da mochila mas contou com a compreensão do seu colega de patrulha, compreensão pouco profissional, mas compreensível em termos humanísticos. Francisco entrava em stress cada vez que saía de patrulha para o campo pois sempre haveria um desgraçado a quem teria de prejudicar, alguém a apanhar bolota ou azeitona em terreno alheio, e os contrabandistas que eram uma praga á noite.Era a sua profissão e a miséria era tanta! Cada um safava-se como podia! Melhores dias viriam para Francisco já faltava pouco para se reformar e então podia descansar com os míseros tostões que o Estado lhe atribuiria e ocuparia os dias no seu quintal tratando da sua horta a tempo inteiro e poupando a sua companheira que já tinha bastante com as lides domésticas.
De repente:
-Mamã, mama ahahah
-Já vai Mariana já te dou maminha, que é que eu faço para te desmaginares da mama, já és tão grande!
-Mama mama mama. Ahahah.
Catarina desceu da burra e tirou a sua menina do alforge, sentou-se numa parede e aconchegou-a e ela chupou com sofreguidão o néctar dos deuses, depois   tornou a escarranchar-se com Mariana á sua frente:
-Arre, burra que estamos chegando a Barrancos.
Toc toc toc toc lá seguia Lourença a caminho de Barrancos e
“Quem tem filhos pequeninos
Sempre lhes há-de cantar
Quantas vezes a mãe canta
Com vontade de chorar”
“Arre burriquito vamos a Belém
a ver o menino que a senhora tem
que a senhora tem que a senhora adora
arre burriquito vamos lá embora”
-Catrina que alegre vais, e a menina vai tão caladinha, parece que vai dormida.
-Já se dormiu outra vez, e vosmecês vão lavar?
-Tem de ser, logo tem deixarão ali as lascas de sabão que sobrarem para lavares a roupa da pequena.
-Eu aproveito-as e agradeço a vosmecês.
Toc toc toc toc
Chegaram a Barrancos e foram logo direito à loja dom Borralho onde Catarina fazia o avio, onde lhe davam fiado e pagaria após a venda dos chibos e os acertos com o patrão pois teriam uma percentagem do dinheiro das vendas. Em 1958 muita gente vivia assim e a todos ganhavam com essa entreajuda, eram outros tempos, hoje vive-se com o dinheiro na mão, apesar de ainda haver quem dê fiado, não a longo prazo mas a prazos mais curtos, sempre há quem de uma maneira altruísta continue a praticar este ato de entreajuda (o Homem ainda é humano!).
Uma barranquenha ofereceu-se logo para apanhar Mariana, mas não pode ser, a menina começou a chorar, não estava habituada a ver ninguém e então estranhava as pessoas, mais trabalho para Catarina que tinha que andar com ela ao colo, já andava mas pedia colinho. Com alguma ajuda meteu o avio nos alforges e lá se preparou para voltar para a malhada do Tambor sem antes deixar de passar pela praça a comprar carapaus do alto para fazer umas sopas com o peixe fresquinho quando chegasse. Naquele tempo a praça localizava-se no Alto-Sano, hoje Largo de São Sebastião, ali se podia encontrar a fruta os legumes, a carne e o peixe que se resumia naquele tempo a venda de sardinhas e carapaus e cação . Os carapaus e as sardinhas eram mais baratos e muito apreciados pela população mais pobre que não podia comprar cação nem bacalhau seco, (só colas porque o bacalhau era caríssimo, aliás o povo é que não tinha poder económico para adquiri-lo).Com o avio lá partiram para o meio da natureza, para bem longe das intrigas daquela época para o paraíso onde tudo era puro e natural onde a presença da mão humana ainda não tinha a notoriedade que se começou a manifestar nas próximas décadas, num tempo não muito distante.
Era já a uma da tarde quando chegaram, Vicência predispôs-se a fazer as sopas de carapaus antes que o seu genro chegasse com o gado, a menina se dormiu outra vez e Catarina arrumou o avio que duraria para quinze dias ( no campo era assim, tinham de se governar com o que havia e não era assim muito, tempos difíceis esses!) , enquanto o fazia pensava “ temos pão , temos que comer , temos saúde e para além disso temos a nossa menina , que mais poderemos querer , há gente pior do que nós”, Era testemunha de pessoas que não tinham para comer e aproveitavam carne putrefacta com o intuito de sobrevivência e caminhavam ao sabor do vento , ela tinha um teto  , tinha paz e tinha estabilidade , pois aquele lugar tão pacífico por aqueles tempos tinha sido cenário  de muito sofrimento pela sua localização junto à raia , seres humanos que apelidaram de refugiados atravessavam a fronteira diariamente fugindo a uma guerra injustas ( todas as guerras são injustas) , estas árvores e estas rochas foram testemunhas da intolerância do ser humano. Catarina em Santo Aleixo da Restauração viu chegar gente amedrontada á procura de um refúgio onde pudesse sobreviver, muita dessa gente foi encurralada em praças de toiros e enviada de volta a Espanha onde um fim macabro a esperava. Hoje vimos a guerra na televisão, mas nós tivemo-la tão perto e acabou por deixar cicatrizes nas gentes que vivia junto à raia. O pantaneiro figura lendária destes tempos da guerra civil de Espanha, representava o resistente, o inconformado com a situação e com uma consciência politica incomum andava fugido coerente com as suas convicções pois ele sabia se o apanhassem seria fusilado.Fala-se que um casal de seareiros estava junto à raia no tempo da ceifa e eis que chega junto deles uma patrulha falangista, e começaram a contar episódios da guerra, um dizia:
-mira maté mi hermano y este su padre
O casal já idoso tremia que nem varas verdes e tinham medo de falar, pois quem mata o irmão e o pai, melhor nos mata a nós. Estas cenas eram muito comuns por esses tempos, era o terror que ameaçava as pessoas, estou a lembrar um poema inédito que alguém fez .

Em 36 que a guerra foi começada,
no mês de Julho comecei a estar perdida,
mas  me vejo de todo destroçada,
eu sou a triste pobre Espanha desvalida.

Eu sou a triste pobre Espanha desvalida
São os meus filhos que me têm devorado
Eu vejo além no campo a cruz erguida
Dos corpos humanos que lá têm sepultado

Até que por fim deixarei de ser Espanha,
e perderei este meu ser de toda a vida,
pelos abusos e flagelos da campanha ,
eu vejo além e no campo a cruz erguida.

Quem escreveu este poema foi uma portuguesa que vestindo na pele a pobre triste Espanha desvalida, escreveu tudo o que a sua alma sentia, pois ela foi testemunha da chegada dos refugiados “seres humanos abandonados por essa triste pobre Espanha que não conseguia defender os seus próprios filhos “
De repente …
-Catrina estás pensando na morte da bezerra, são horas de jantar, que te passa?
-Que se vai a passar mãe estava só pensando e não dei pelo passar do tempo.
-Já tenho a plangana na mesa e já miguei as sopas
Mariana, Vicência, Manuel e Catarina sentavam-se calmamente à mesa depois de um dia esgotante de labuta:
-Estão bem molinhos os grões Come sopinhas Mariana para cresceres.
-Já se ouvem os lobos uivando.
-Mi tem medo.
-Come as sopinhas e os grões todos senão eu chamo os lobos.
-nãõõõ, mi comi vó.
-Então Barrancos ainda está no mesmo sítio ?
-Que graça se calhar mudou de sítio , tem cá uma graça !
- E a nossa pirralha portou-se bem ?
-Portou, portou sempre a querer mamar e já tão grandes, nem sabem o trabalho que dá ir com ela fazer o avio!
-Mãe lave os pratos e as colheres que eu varro o chão.
-Já são horas da caminha, amanhã há que madrugar e estamos aqui olhando para as paredes pelo menos temos o corpo esticado.
-Lá estás tu com a mesma conversa, queres um rádio mas para isso tinhas de deixar de fumar, não há dinheiros para comprar rádios, é todas as noites a  mesma conversa , vejam lá !
-Ai, ai  , aminha vida  e uma pessoa aqui degradada neste fim de mundo , se teu pai vivesse outro galo cantaria , comprem o rádio para que se cale !
-Deixe de meter o bedelho onde não é chamada  e vá mas é deitar-se e leve a menina ,
-Ela é tua , não minha  , vamos lá Marianita qui tu mãe vai dormir descansada”
-Ai mãe , ai mãe , ai mãe, Até amanhã.
-Até amanhã minha sogra
-Mariana dá um beijo ao pai e outro à mãe
Mais um dia igual a muitos outros tinha terminado , as luzes apagaram-se lá fora o silencio da natureza , o que facilitava a quem estivesse atento lá fora ouvir o som das vozes do mundo que são mais audíveis em ambiente campestre.
Amanhã será outro dia…

terça-feira, 31 de julho de 2018

Estudiantina

Rapazes e raparigas
vamos todos desfilar
pelas ruas de Barrancos
e nosso povo alegrar

Teu sotaque tão raiano
pelo mundo ecoará
estudiantina de Barrancos
novamente ouvirás

Cantaremos com amor
pela nossa tradição
pelas ruas de Barrancos
com ardor e emoção

Pela nossa estudiantina
vamos todos avançar
em 2019
o Carnaval animar

Estudiantina de Barrancos
vamos todos recriar
pois o passado de um povo
não podemos olvidar

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Há dias assim …5º capítulo de “ ECOS DE UMA VIDA “

Santo Aleixo, Santo Aleixo,
ela lá e eu aqui
os anjos do céu me levem
pra terra onde eu nasci

Com os pássaros do campo
eu me quero comparar
andam vestidos de penas
o seu alívio é cantar

Se as saudades matassem
já eu tinha falecido
elas não matam, mas doem
Fazem moer o sentido

Não pensem por eu cantar
Que a vida alegre me corre
Eu sou como o passarinho
Tanto canta até que morre

A voz de cristalina de Catarina entoava nos campos das Russianas, a sua voz irradiava felicidade e alegria. Lembrava a sua aldeia natal que as circunstâncias da vida a obrigou a deixar: agora havia Mariana e havia que zelar por ela e dar-lhe tudo que pudessem. Catarina era naturalmente alegre e contagiava tudo em seu redor era óbvio que naquela madrugada de Julho de 1958, a sinfonia da natureza juntava-se harmoniosamente à voz de Catarina. Dentro da malhada do tambor Mariana ainda dormia tranquila, aconchegada a Vicência que se preparava para deixar o catre e ir fazer o lume para fazer o café e pôr o jantarinho de grãos a cozer. Catarina e o seu genro daqui a pouco voltavam e tinham que comer alguma coisa para poderem enfrentar a labuta do resto do dia.
Na noite anterior Mariana tinha adormecido com a promessa que no outro dia iria á Pipa com Catarina buscar água montada na burra Lourença. Ela não sabia o que era, a sua avó tinha-lhe explicado que era uma fonte que corria pelas rochas e que a água vinha das profundezas da terra:
-Bu bu, mim té buu
-Amanhã bebes pelo cucharro que o pai te fez, agora são horas de ir dormir.
Vicência ao levantar-se sorriu ao ver a sua menina num sono profundo talvez a sonhar com a água fresca da Pipa, no seu rosto era visível um leve sorriso como, talvez estivesse a viver um sonho idílico.
Com todas as cautelas fez o lume .fez o café e pôs o jantar a cozer, lá fora ouvia-se Catarina e a passarada a chilrear enquanto Manuel se preparava para ir pastar o rebanho.
Estava na hora de ir procurar algo para aquecer o estômago e então entrou na malhada e já Vicência o esperava com um prato de fatias douradas e um café bem quentinho e apetitoso, entretanto apareceu catarina transpirada de tanta labuta:
-Manel vou á água antes que faça mais calma.
-Já aí vem o calor, vai ser um dia muito calmoso, vou despachar-me e sair com as cabras.
Todos os dias era a mesma labuta porque o gado tinha de sair bem cedo para o os serros e aproveitar a fresquidão da manhã, pois por volta do meio-dia o calor já abrasaria a terra e teriam de voltar para o acarro.
-Catrina tens de ir à água, já albardaste a burra?
-Já está pronta, só falta a menina que eu prometi-lhe levá-la á água.
-Parvoeiras que sabe ela!
Entretanto
- Mamãã, aboo
-Agora é que estamos arranjadas, vem comer que se faz tarde e têm de ir á água. 
- Dê-lhe leitinho e fatia que ela gosta.
Eram oito horas no velhinho relógio, eram horas de irem á Pipa lá partiu a burra Lourença com a sua preciosa carga e dois cântaros de barro nas aguadeiras para trazerem a água:
-Arre, Lourença que vamos à pipa com a nossa menina.
-Pi pa pi pa buu
Mariana com os olhos bem abertos observava tudo à sua volta. Tudo era tão belo! Tudo estava tão calmo!
Percorriam a vereda que as levaria a buscar aquele bem essencial e que a elas nem lhes passava pela cabeça que um bem tão abundante seria num futuro não muito longínquo um grave problema para a humanidade pela sua escassez, Catarina e Mariana, duas almas genuínas neste mundo já então sofisticado. Catarina tinha Mariana, tinha pão, tinha água, tinha paz, tinha amor, que mais poderia desejar?
Num mundo onde a globalização era uma miragem e que ela não chegaria a conhecer, ali no meio da natureza sentia-se livre como os passarinhos que voavam sem se cansarem mesmo contra o vento
Eis que de repente Lourença, assustou-se, deu um salto e deixou cair a carga os cântaros partiram-se e mãe e filha viram-se de repente no chão aturdidas e doridas.
-Mariana! Mariana!
-Mamã! Mamã! Medo!
-Não tenha medo que a mamã está aqui, agora não temos cântaros, vamos outra vez à malhada.
-Bu bu
-Cala-te, Mariana.
E lá se montaram na burra e voltaram para trás, ainda não seria aquele dia que Mariana iria ver a Pipa.
-Que se passa? Ai que desgraça! Valha-me Nossa Senhora das Necessidades que partiram os cântaros!
-Tenha calma que à menina não lhe passou nada e os cântaros eram velhos, tome lá a menina que eu vou sozinha agora, e os grãos já estão cozidos?
-Ai filha! Estão mais duros que pedras, não sei o que se passa, parece que o diabo anda com a gente, daqui a pouco vem o teu Manel valha-nos Deus! E o que comemos em cima?
- Logo em vindo faço uma tortilha barranquenha
-Vai já e que Nossa Senhora das necessidades te acompanhe, que não passe mais nada hoje, já chega de desgraças!
Lá abalou outra vez Catarina e eis que no mesmo sítio a burra zurra e dá um repinote ao ver no meio da vereda uma enorme cobra toda eriçada e com a língua de fora;” Não terá sido tua a culpa dos cântaros se terem partido?”, e contornou –a metendo a burra pelo mato e lá chegou á Pipa que nada tinha a ver com atualidade , apanhou os cântaros e subiu por  uns degraus esculpidos na rocha de uma maneira natural , com cuidado para não partir os vasilhame e a custo lá chegou ao cimo.
Quando voltou com a água para beber encontrou Vicência lavada em lágrimas:
-Que se passa!? Que se passa, meu Deus!?.
-Ai! os grões não se cozeram e ai minha vida o que come o teu Manel! Os cabrões estão duros como pedras e está uma pessoa para aqui degradada para ganhar esta porcaria.
-Mãe, eles se têm cozido das outras vezes, se calhar deixaram de ferver, eu tenho que estar em todo o lado, valha-me a nossa senhora! E a menina?
-Caiu fugindo atrás de uma galinha, apanhou um berrinhe e dormiu-se.
-Ai que a minha menina está toda encarnada e tem um arranhão na testa.
-É para que esteja quieta, não se faz caso de ninguém. Bem-feita, é para que aprenda.
Ouve-se O Manuel tossindo:
Mãe já aí vem o meu Manel vou fazer a tortilha.
-Vem sempre tossindo, mas não deixa de fumar, o mal que isso lhe faz e o dinheiro que se gasta.
-Mãe é uma distração não tem mais nada, não implique com ele com este calor.
Algum tempo depois:
- Que se passa com os grãos parecem pedras, não há quem os coma! Eu não os quero, só vou comer sopas e tortilha. Que porcaria! E a menina que lhe passou que está toda gatanhada?
-Bu bu bu
-Que tens Mariana, a menina está tão quente e tem umas manchas no corpo.
-Ai minha vida! Bebe e vamos mas é comer granitos.
-Pedras, dê-lhe sopas de pão e tortilha. Esqueceram-se da linguiça.
-Amanhã não faço o almoço porque não quero!
Saiu irada porta fora.” Uma pessoa neste ermo e tem de ouvir isto, se o meu bento vivesse, outro galo cantaria “
-BU bu bu mamã
-Só o que quer é água e está muito quente. A menina está doente.
Catarina apavorada exclamou:
-É sarampo. Que Deus nos valha! Temos que ir a Barrancos e levar a menina ao médico. Sarampo não é brincadeira!
-Ai, ai, ai, para onde me trouxeram! Para este fim do mundo! Ai, ai, ai
-Manel vai aparelhar a burra.
-Vais sozinha? Que vaia tu mãe contigo.
Lá se escarranchou na burra mais uma vez Catarina com a sua menina tremendo de frio naquele dia quente de Julho. O senhor doutor muito afável lá consultou Mariana e recomendou muito repouso e que não andasse ao vento pois o sarampo não era para brincar e deviam  ter muito cuidado com a menina que era muito pequenina. Após duas semanas os sintomas do sarampo eclipsaram. Mariana voltou a saltar e a fugir alegremente atrás das galinhas num passado tão distante onde a revejo de vestido de chita às bolinhas encarnadas ao lado da Sentida, respirando a beleza, a tranquilidade, o tédio do ambiente campestre. Aquele dia ficará na memória enquanto ela for gente e tiver neurónios para pensar e recordar.
Lourença, a pipa, a Sentida, valha-nos nossa senhora das necessidades e a sua avó com seu xaile de luto eterno, a maldita cobra e até o jantar de grões duros como pedras.
Que saudades desses momentos!
Que saudades das alegrias passadas!
Que saudades das agruras passadas!
Que saudades do já vivido!
Há dias assim…



terça-feira, 10 de julho de 2018

REPOSIÇÃO DE NOMES E FATOS

Nasceu na vila de Trastamires (actual Guilhabreu), junto à cidade do Porto. Como o apelido (nome de família) só aparece, em Portugal, por volta do século XV a XVI, filho de D. Mendo Gonçalves da Maia, 3.° Senhor da Maia, Rico-Homem, falecido depois de 1065, e de sua mulher Ledegunda Soares Taínha de Baião.
Mendes era patronímico (filho de Mem ou Mendo), pelo que não se pode dizer com propriedade que D. Gonçalo pertencia à família dos Mendes, tendo como irmãos D. Soeiro Mendes da Maia e D. Paio Mendes, arcebispo de Braga, e como irmã Doroteia Mendes da Maia, documentada em 1072, 1088 e 1102 e falecida depois dessa data, mulher de Pelaio Gutierriz, falecido depois de 1088.
Na mocidade, por sua fidalguia e afinidade espiritual, tornou-se um dos maiores amigos do primeiro rei de PortugalD. Afonso Henriques. A vontade férrea de D. Gonçalo e suas inúmeras e épicas conquistas no campo de batalha – em que o risco à vida era o eterno desafiante – granjearam-lhe o cognome de "O Lidador".
Foi, entre outras coisas, Rico-homem e fronteiro-mor do Alentejo.
Segundo a lenda popular, no dia em que comemorava 91 anos, Gonçalo Mendes estava na frente de uma batalha contra os muçulmanosem Beja, que estava a correr mal para o lado português. De repente, ganhou renovado vigor e, juntando um grupo de combatentes, atacou o inimigo. Este, ao ver um soldado envelhecido atacar com a força de um jovem, julgaram-se perante um acto mágico, o que lhes diminuiu o moral. Assim, um dos maiores líderes muçulmanos decidiu enfrentar Gonçalo Mendes, na esperança de reconquistar o moral das suas tropas. Apesar de gravemente ferido, Gonçalo Mendes conseguiu derrotar o seu adversário, com efeitos demolidores, pois o exército muçulmano, sem líder, desorganizou-se, pelo que as tropas portuguesas conseguiram ganhar a batalha.
Finda a batalha, Gonçalo Mendes terá sucumbido aos ferimentos.
Ainda hoje a cidade da Maia e os seus habitantes prestam homenagem ao seu heroi, sendo a mesma conhecida como a cidade do Lidador.
Outros afirmam ter nascido c. 1045 e sido morto na Batalha de Ourique, em 1139.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Reposição de nomes e fatos .



A 1 de Março de 1476, dava-se a Batalha de Toro, entre tropas portuguesas e castelhanas. Duarte de Almeida, o Decepado tornou-se célebre nesta Batalha pelo seu ato de valentia e patriotismo.
D. Afonso V, o Africano, defendia os direitos de sua sobrinha, Joana, a Beltraneja, ao trono de Castela, que era cobiçado por Isabel, irmã do pai de Joana, o falecido rei Henrique IV. Segundo se dizia, a mãe de Joana, a rainha de Castela Joana de Portugal, por sua vez irmã de D. Afonso V, havia engravidado de D. Beltrán de La­­ Cueva e não de seu marido. Assim, Joana, a Beltraneja, não seria filha do Rei e não podia herdar o trono. Apareceu assim como herdeira, Isabel de Castela (futura Isabel, a Católica). Passaram então a existir dois partidos de sucessão.
O rei português D. Afonso V pretendia casar-se com a sua sobrinha e, assim, juntar as duas coroas. As duas partes da contenda entraram em confronto. As tropas portuguesas dirigiram-se então para Castela, e estabeleceram a sua base na cidade de Toro, na margem norte do rio Douro. As forças portuguesas começaram a cercar a cidade de Zamora, onde se encontrava as tropas de Fernando de Aragão, marido de Isabel de Castela. Contudo, o cerco à cidade não teve os resultados pretendidos, pois D. Afonso V não conseguiu conquistá-la. Além disso, o rigor do Inverno levou o Rei português a voltar para Toro. Com o recuo das tropas portuguesas, Fernando de Aragão e as suas forças saíram de Zamora e perseguiram as forças de D. Afonso V, atingindo-as ao fim da tarde do dia 1 de março, a cerca de cinco quilómetros da cidade de Toro. Assim se deu a Batalha de Toro.
Na Batalha, as tropas castelhanas eram formadas por 4 grandes divisões, e as tropas portuguesas, apesar de reforçadas pelas do arcebispo de Toledo, do conde de Monsanto, do duque de Guimarães e do conde de Vila Real, estavam em desvantagem numérica. O combate durou cerca de três horas. No fim, os relatos parecem todos coincidir na afirmação de que as tropas de D. Afonso V debandaram em várias direções, não conseguindo suster assim o ataque das forças castelhanas.
Os homens sob o comando do rei português são perseguidos não só pelas tropas castelhanas, mas também pelos populares da região. Quando já se pensava na vitória castelhana, ocorreu uma reviravolta na batalha. As forças portuguesas estavam divididas em dois grupos e só um deles tinha sido atacado. O outro, comandado pelo filho do rei português, o príncipe D. João (futuro D. João II), se reorganizou e voltou a investir sobre as forças castelhanas, desbaratando o inimigo. Embora se defenda que o resultado da batalha foi inconclusivo, o que é correto afirmar é que as forças castelhanas conseguiram um sucesso temporário, pois numa 2ª fase, Portugal venceu a disputa. Contudo, após a Batalha, D. Afonso V percebeu que Portugal não tinha forças e nem apoios suficientes para garantir os direitos de Joana, a Betraneja à coroa de Castela, assim se desistiu da guerra. D. Joana foi então exilada para Portugal pelo tratado de paz assinado entre os países ibéricos, passando a ser oficialmente tratada por Excelente Senhora.
Foi nesta Batalha que surgiu um herói português, muitas vezes esquecido, Duarte de Almeida. Este era o alferes-mor de D. Afonso V e, por isso, a quem estava confiado o estandarte das tropas portuguesas. Assim, no meio do combate, Duarte de Almeida, após o estandarte ter caído ao chão, empunhou de novo a bandeira e defendeu-a com determinação. Porém, um castelhano cortou-lhe a mão direita, mas indiferente à dor, Duarte de Almeida, empunhou de novo o estandarte com a esquerda, a qual viria também a ser decepada. Já sem mãos, mas querendo manter o estandarte no ar, Duarte de Almeida empunhou-o com os dentes e resistiu sempre até que foi rodeado de castelhanos, vindo a cair moribundo. Entretanto o castelhano Sotto Mayor apoderou-se da bandeira por alguns instantes, mas o escudeiro Gonçalo Pires conseguiu arrancá-la do inimigo, num ato de heroísmo admirado pelas tropas rivais. Duarte de Almeida, que ganhou então a alcunha do Decepado, não faleceu na Batalha, sendo levado depois pelas tropas inimigas para ser tratado em Zamora. Em Castela, o seu ato heroico valeu-lhe o respeito e a admiração de todos, até os próprios Reis Católicos mandaram colocar as armas de Duarte de Almeida na capela real da Catedral de Toledo. Passados 6 meses, Duarte de Almeida regressou a Portugal, onde viveu no Castelo de Vilharigues, não tendo as homenagens e o reconhecimento português que teve em Castela. Morreu pobre e quase esquecido, apesar do seu ato de valentia e bravura.´

Na história de Portugal
Seu nome ficou gravado
Dom Duarte de Almeida
Nome heróico : o Decepado 
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sexta-feira, 22 de junho de 2018

Local De Celebração


Santo António já passou                                                       
Resultado de imagem para praça da liberdade em barrancosO São Pedro irá passar
São João fica comigo
Eu contigo quero brincar
               II
As touradas em Agosto
Como manda a tradição
No Natal grande fogacho
No centro da povoação
             III
Para aquecer o menino
Senhora da Conceição
Cantando  vamos  rezando
Com amor e devoção
              IV
Na praça da liberdade
Há festa, há arraial
É gente com  repichuchi
É Verão em Portugal
               V
A praça da Liberdade
Local de celebração
Que seja assim no futuro
Senhora da Conceição





quinta-feira, 14 de junho de 2018

VELHO MONTE


Ponto
Tenho saudades do monte
Do cantinho onde vivi
Do ribeirinho e da fonte
Da água fresca da fonte
Tantas vezes lá bebi
Ponto
Há montes no Alentejo
Que eu conheço muito bem
Eram todos habitados
Hoje estão desprezados
Já não mora lá ninguém
Moda:
               I
Velho monte alentejano
Numa herdade abandonado
Fica à beira de uma fonte
Hoje não se vê o monte
Que está dentro do silvado
               II
Lá naquele velho monte
Havia tanta riqueza
Já nada é como era
Já ninguém cultiva a terra
cada vez há mais pobreza

             III
Já não se vêm ganhões
À volta com seus arados
Já nada é como antes
Já não se ouvem patrões
A falar com seus criados
IV
Não ouço o galo cantar
Não ouço o ladrar do cão
Nem os chocalhos do gado
Vejo tudo abandonado
Faz doer o coração
V
Eu do monte vim embora
Não podia lá viver
Uma noite pude ouvir
Era o meu monte a cair
Nunca mais me vou esquecer