Quando eu for grande não vou combater,
Como ela , somos livres,
Somos livres de dizer...
Somos um povo que cerra fileiras,
Face à conquista do pão e da paz ,
Somos livres, somos livres,
Não voltaremos atrás.
Hoje, estou triste e tenho saudade daquela manhã distante de Abril de 1974, quando saí á rua era facilmente perceptível que algo de novo tinha acontecido, aquilo que eu há muito sonhava. A vila de Moura encheu-se de uma onda inebriante de alegria: os militares tinham iniciado uma revolução pacífica com o fim de trazer para Portugal a democracia tão desejada e um clima de euforia e emoção contagiou tudo e todos.
“ O povo unido jamais será vencido” Abaixo a repressão”,” abaixo o fascismo” “ Viva a liberdade “ Viva a democracia” .
Ecoam na minha memórias tão vivos e tão reais como se os estivesse a ouvir neste momento e não posso deixar de relembrar e curvar-me perante a lembrança de quem já nos deixou, mas o seu nome ficará sempre no mais íntimo de quem ama a liberdade. Os slogans daquela época, não eram meras palavras vãs, vinham do fundo do coração de um povo lutador e sofredor, que mudou tanto nestes trinta e cinco anos, e como mudou!
Hoje somos livres, podemos fazer o que queremos, até confundimos liberdade com libertinagem e estamos tão confusos com a evolução tão rápida e tão pateticamente deslumbrados que até nos esquecemos que somos simples mortais e podemos dominar o mundo e uma forma egoísta e impensada. A vida passa num sopro e eu não devemos desperdiçar os momentos que ainda faltam viver, devemos vivê-los na plenitude sem nunca nos esquecermos que a nossa liberdade acaba onde acaba a liberdade do outro. Chegou até mim os ecos da desilusão de Otelo Saraiva de Carvalho : Se eu soubesse que o país chegaria a esta situação não tinha feito o 25 de Abril”, palavras de quem se entregou de corpo e alma a uma revolução que não soubemos aproveitar e é caso para aplicar o velho ditado “ Dá Deus nozes a quem não tem dentes”
Não me vou alongar mais, tenho tanta coisa para partilhar convosco, brevemente o farei, hoje só vou transcrever uns versos que fiz num momento de indignação, de tristeza e de saudade:
Tão jovem, tão sonhadora
Podias mudar o mundo,
Tão ingénua minha amiga,
Que sono tão profundo.
Os cravos que tu sonhaste,
Não chegaram a florir,
Simplesmente , ilusão,
Hoje tens que admitir.
Sonhavas com liberdade,
Um mundo de paz e igualdade,
Utopia e nada mais,
Olha a dura realidade.
Tu queres mas já não podes,
O teu tempo acabou,
Foi tão breve, foi tão lindo,
E tudo o vento levou.
Tanta alma á deriva,
Terra de Camões e Cunhal,
Minha pátria acorrentada,
Levanta-te ó Portugal.
Levanta-te e não recues,
Nesta luta desigual,
Levanta a tua bandeira,
Teu orgulho nacional,
És Portugal e isto basta,
Tu não podes esquecer,
O Abril tão distante,
Que um dia te fez renascer
Não foi assim tão distante,
Mas o povo já esqueceu,
Não foi m sonho virtual,
Porque Abril aconteceu
E termino com:
MESMO NA NOITE MAIS LONGA ,
EM TEMPO DE SERVIDÃO ,
HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE RESISTE,
HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE DIZ NÃO
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