Hoje tenho saudades do 25 de Abril e recordo a figura única de Álvaro Cunhal , desvirtualizar a sua memória é intolerável ,é nosso dever não esquecer o contributo para a conquista da democracia em 1974.
Álvaro Cunhal, falecido em Junho de 2005, permanece na nossa memória e nos nossos ideais!
Por essa razão, recordamos o importante poema de Pablo Neruda escrito quando o dirigente do PCP estava encarcerado no Forte de Peniche. O poema foi publicado num folheto das Edições Avante, "Contribuições à luta pela libertação de Álvaro Cunhal", e que incluía ainda um apelo de Jorge Amado à libertação do valoroso militante antifascista.
Quando desembarcas
em Lisboa,
Céu celeste e rosa,
estuque branco e ouro
pétalas de ladrilho
as casas,
as portas,
os tectos,
as janelas
salpicadas do ouro verde dos limões,
do azul ultramarino dos navios,
quando desembarcas
não conheces,
não sabes que por detrás das janelas
escuta
ronda
a polícia negra,
os carcereiros de luto
de Salazar, perfeitos
os de sacristia e calabouço
despachando presos para as ilhas,
condenando ao silêncio
pululando
como esquadrões de sombras
sob janelas verdes,
entre montes azuis,
polícia,
sob outonais cornucópias,
a polícia
procurando portugueses,
escavando o solo,
destinando os homens à sombra
Hoje não vos maço mais.Até já.
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