sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

VOTAR EM CONSCIÊNCIA

Aproxima-se do final a campanha eleitoral para a Presidência da República, uma das campanhas mais vergonhosas na história da República portuguesa, dia 23 de Janeiro o Zé Povinho é chamado uma vez mais a cumprir o seu dever cívico, que permitirá a alguns direccionar o leme do navio que é Portugal que se está a afundar e está a ser vendido ao desbarato em nome da estabilidade das finanças públicas.

Seremos nós dignos do legado que nos deixaram os nossos antepassados? Um legado de valores que nos encheu de orgulho perante o doirado da nossa história e hoje somos comandados pelos caprichos de uma Europa que não faz mais que defender os interesses dos países mais ricos em esquecendo o interesse dos mais pobres que caminham à deriva ao sabor do novo sistema global que nos foi imposto.

Vamos nós votar para quê? Para ouvirmos mais tarde o nosso eleito afirmar que se sente um mero espectador e que pouco pode fazer pois os seus poderes são limitados, poderes esses que estão centralizados no parlamento, onde deviam de estar pessoas que representassem quem os elege, isso só acontece aparentemente, quando são eleitos esquecem-se da maioria que os elegeu e com toda a pouca vergonha só vão servir-se a si próprios esquecendo-se de quem os elegeu, sacudindo a água do capote e fazendo crer que a culpa de tudo mau que acontece é dos outros e nunca deles, que apenas guardam para si os louros (ou eles pensam que são louros!).

Voltando à campanha temos no rol a bonita quantidade de cinco candidatos: venha o diabo e escolha um, que eu não sei quem escolher, tão insonsa e tão baixa a campanha que têm feito, e nós embalados pelos futebóis, casas dos segredos e alguma caridadezinha à mistura vamos aguentando isto tudo, eu pergunto até quando a panela de pressão aguentará sem explodir? Ou talvez não? Não somos nós um povo de brandos costumes? Ou será que já fomos, não estaremos a ser contaminados pelos ventos podres que sopram de outras bandas a quem nós já nos estamos a vender?

O mais favorito é o ainda Presidente de República, e talvez o facto lhe atribua mais favoritismo, não tivesse ele a seu lado todos os sectores da direita portuguesa e alguns camuflados com cores partidárias enganosas. Até agora o professor Aníbal Cavaco Silva para mim tem sido ma pessoa possuidora de valores (o que se contam pelos dedos nos tempos que correm), mas segundo as notícias que vêm dos círculos políticos e quem sou eu para duvidar de pessoas que até querem ocupar o mais prestigiado cargo da republica, já não é a pessoa imaculada que nós pensávamos até agora, e o clima de suspeição continua a minar o no nosso país, há que ter medo até da nossa própria sombra.

Depois temos o candidato Manuel Alegre, pessoa que me deu força no tempo da ditadura, mas passados estes anos todos constato que não tem sido a pessoa coerente que eu idealizei; tem-se aproveitado como todos do poder e aquela voz revolucionária que aquecia os meus sonhos e acalmava a minha revolta, não passou de uma ilusão auditiva. A sua incoerência tem sido uma constante no seu discurso e por ironia do destino tem a apoiá-lo a poderosa máquina partidária do partido a que ele pertence e até o primeiro ministro está do seu lado, o que não fazem os políticos para manterem os seus privilégios, o candidato tem manifestado várias vezes discordância com as políticas adoptadas pelo actual governo, mas na hora das decisões valida as mesmas políticas. Simplesmente desilusão!

Depois aparece o candidato Francisco Lopes que podia ser uma boa alternativa de mudança, sendo ele candidato lançado por um partido mobilizador de massas com um discurso muito coerente, mas que os vícios da democracia também corromperam com a infiltração de pseudocomunistas e oportunistas. Associa-se o partido comunista a regimes tenebrosos como a Coreia do Norte e Cuba de Fidel Castro e as informações que vêm dessas bandas não são animadoras e deixa as pessoas de pé atrás.

Fernando Nobre, Presidente da AMI, tomou coragem e entrou na complexidade da campanha eleitoral. Tem tido um discurso muito comedido e respeitador, talvez por não ter uma carreira política, a sua vida tem sido as causas humanitárias e talvez as suas intenções sejam boas com vontade de mudança, mas falta-lhe o apoio popular e isso conquista-se com o tempo e não é de um dia para o outro, e o povo português não conhece bem o trabalho do candidato, felizmente no nosso país não tem havido grandes catástrofes, mas o eco que nos vem do exterior diz-nos que a AMI tem desempenhado bem o seu papel nos palcos das tragédias. O rosto da AMI é Fernando Nobre, bem haja a quem consegue por a sua vida ao serviço dos outros.

Defensor Moura, mais uma candidatura direccionada tendo como alvo principal Aníbal Cavaco Silva, eu questiono-me porque é que as coisas agora desvendadas não foram feitas em tempo oportuno e só agora em campanha eleitoral venham à baila?

José Manuel Coelho, natural da Madeira, ele próprio se diz uma anedota, mas a sua presença deixará marcas nesta campanha com as deixas que vai deixando por onde passa e nós perguntamos: Não será a caricatura deste país a beira-mar plantado, vendido e espoliado? Não será a caricatura da raiva e da revolta do povo de brandos costumes que todos os dias é confrontado com novas injustiças?

Como disse José Saramago, votar em branco é uma hipótese colocada em cima da mesa com o fim de demonstrar o nosso desagrado por aquilo que está a acontecer e que é muito preocupante e com as políticas seguidas e o sistema global instalado o fosso entre ricos e pobres será cada vez maior , e a palavra democracia aos poucos irá sendo esvaziado o seu genuíno significado.

As últimas sondagens dão a vitória na primeira volta ao candidato Aníbal Cavaco Silva, sondagens essas que influenciam os eleitores pois muitos vêm as sondagens como um resultado final e muitos pensem que não vale a pena ir votar porque já está tudo decidido. As coisas não são assim, o que conta são os votos que os eleitores colocarem nas urnas dia 23 de Janeiro. No final os votos serão contados e ganhará o que tiver maior número de votos. Não deixe de cumprir o seu dever cívico, não se abstenha, por um voto se ganha , por um voto se perde e se nós votarmos todos podemos fazer com que o resultado seja discutido numa segunda volta.Lembremo-nos de Humberto Delgado a quem afastaram num tempo em que predominava o medo no nosso país , mas eram outros tempos que não voltarão mais.

Vou reflectir antes de cumprir o meu dever cívico, e farei o que a minha consciência me ditar.

Brevemente voltarei, até já.


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