Estávamos em Dezembro de 1956,,, precisamente , algures
numa aldeia perdida na imensidão da vasta província alentejana. Dia 24 de
Dezembro, Vicência e Catarina preparavam mais uma fornada, o forno de lenha já
estava quente e Catarina com toda a destreza tendia o último pão.
Vicência pensativa
olhava a filha com apreensão ajudando-a a meter o pão no forno, enquanto
que no ventre de Catarina , nova vida palpitava preparando-se para atravessar o
túnel que a traria à selva que é o nosso mundo.Catarina já tinha mais de trinta anos , acariciando a barriga sorrio pensando no
rebento que trazia no seu seio “ Será
menino? Será menina?Não interessa o que é preciso é que venha com saúde”.
Vicência
olhando Catarina pensava nas três
filhas que Deus tinha levado há uns bons
anos atrás : Catarina tinha sete aninhos apenas quando a maldita tosse convulsa
a arrancou dos braços de sua mãe. Passados pouco tempo a morte tornou a passar
por ali levando Maria Sena , um anjinho com 4 meses apenas de vida. Vicência em desespero
questionava-se olhando o céu –Porquê , meu Deus ? Porquê?
Que triste sina a de Vicência! Sentia-se abandonada pelo
Senhor!
Abraçando o seu marido e olhando o seu único filho , prometeram
ultrapassar tudo de mau que estavam
vivendo e cambaleando enfrentaram a vida e seguiram em frente.
Deus abençoou o casal e nasceram Maria Sena , Catarina e João e a alegria voltou àquele lar, os anos foram passando até que
uma tarde mau presságio assombrou o
ambiente enquanto se ouviam os cães uivando e Vicencia olhando a Maria Sena
já com doze anos e nem imaginando o que ainda a esperava exclamou : Vai
morrer o primo Zé que está muito mal. Enigmaticamente Maria Sena
Maria Sena exclamou:-Só Deus sabe, mãe , só Deus sabe!
Naquela noite João o benjamim da família deitou-se com a mana Sena e
durante a noite teve sede e pediu água como a mana não respondeu começou a
chorar.Vicência que tinha um baile em casa acudiu ao choro do filho e eis que
se depara com a sua linda e querida filha inerte , já sem vida , tinha finado durante o sono. Uma dor
dilacerante atravessou –lhe o peito e um grito do tamanho do mundoecoou naquela
casa:-Bento , ai Bento , a nossa filhinha , a nossa Maria Sena está morta.
Bento ficou sem chão , imóvel e impotente perante a vida que bastante madrasta
tinha sido com ele e agora a sua filhinha já moça, tão linda, tão perfeita
tinha partido e nunca mais a veria.
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